NEM TUDO É RUIM NESTE MUNDO MAU (Eclesiastes 9.7-9)

Geralmente os crentes são ensinados que devem abominar tudo o que há no mundo. Hoje, depois de muitas idas e vindas aprendi que não é possível me isolar de tudo e de todos porque Deus ama o mundo de tal maneira que mandou o seu filho unigênito para resgatá-lo. O passar dos anos ensina que, a experiência e a maturidade cristã é que devem balizar nossa conduta e nossos conceitos. Aprendi que nem sempre o que o crente diz é o mais correto ou o mais justo e que muitas coisas presentes neste mundo podem ser boas, proveitosas e aprazíveis. Nem sempre o agir de Deus era pautado pela lógica e uniformidade.
Em muitas passagens das escrituras vemos Deus trabalhando com Israel... Uma nação desobediente, idólatra, cuja marca era a ingratidão. Deus escolheu Ciro, um rei pagão, violento e ambicioso para editar um decreto de construção do templo de Jerusalém e ainda o chamou de meu pastor (Is 44.28).
Observamos também nas escrituras O Espírito Santo, através de operações gerais, sem renovar o coração, exercer influência sobre o homem, o levando a manter a ordem na vida social, na justiça civil (Rm 13.1-3) (1 Tm 2.1-4). A bíblia diz Deus ouviu e usou pecadores para sua glória, como foi o caso de Cornélio e Naamã.
O homem, embora caído, é contemplado pela graça comum que atinge a todos. Essa graça comum não é a graça salvadora, mas é dada por Deus para capacitar os homens a ter um mínimo de harmonia para conviver neste mundo caótico. Devido a graça comum, O homem ainda conserva alguma noção do verdadeiro, do bom e do belo, e muitas vezes aprecia estas coisas num grau até surpreendente, e revela desejo da verdade e da moralidade externa. A graça comum capacita o homem a praticar o que é certo nas atividades civis ou naturais. Devido a graça comum, o ser humano sem Deus, pode praticar as boas obras naturais nas relações sociais, obras que se harmonizam externa e objetivamente com a lei de Deus, embora destituídas de qualquer qualidade espiritual. A graça comum, que faz parte da insondável graça de Deus, capacita todos os homens a zelar por instituições sagradas como casamento e família.
Existe vida antes da morte (Ec 9.7-9)- Os crentes só são ensinados sobre a vida após a morte. Esta é uma proposta excelente, mas incompleta. Deus permite e quer que gozemos hoje, de todos os benefícios de ser um homem salvo. O homem integral (físico, emocional, existencial, espiritual) deve usufruir a herança divina. O autor de Eclesiastes defende que desfrutemos os pequenos prazeres da vida que, apesar de transitórios, são o melhor que podemos fazer nesta vida miserável. Estes prazeres podem aliviar um pouco a agonia da existência humana, portanto estão aí para serem desfrutados.
ü “Come o teu pão com alegria... Deus se agrada de antemão”. Agradeça Deus e aproveite do fruto do teu trabalho, pois Deus está satisfeito contigo;
ü Bebe gostosamente o teu vinho- Não fala necessariamente no sentido literal. O vinho simboliza uma alegria esfuziante, contagiante, inebriante. Não temos que ser “normais”, “racionais”, o tempo todo;
ü Sejam alvas as tuas vestes- Viva uma vida honrada e transparente que Deus colocará no seu coração a liberdade para aproveitar com gozo o fruto do teu trabalho;
ü Goza com a mulher que amas- Uma linda metáfora que simboliza completude de vida. A mulher dada por Deus é o desfecho de toda a alegria experimentada pelos benefícios gratuitos do Pai;
ü Todos os dias de tua vida fugaz- ou passageira. São valores transitórios e devem ser encarados como tal e serem colocados na perspectiva correta, mas nem por isso deixam de ser importantes.

Pr. José Gildo

É O AMOR...

O amor é uma das palavras mais controvertidas e mal interpretadas que existe. Os poetas declamam sobre amor e lhes dão um enfeite especial. Os românticos a usam para conquistar o objeto de seu amor. E assim cada um de nós usa a palavra amor para o objetivo que nos convém. Nós crentes temos a tendência de esquecer que o amor é muito mais do que isso. O amor só encontra uma perfeita explicação em Deus.
A marca registrada da espiritualidade cristã é o amor. O amor é o “FRUTO”. O amor tem início na regeneração. O apóstolo João diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” (I Jo 4.7. O amor é uma atitude do coração, da mente e da vontade- ele atua na personalidade inteira do homem. Quem não ama não conhece a Deus. “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.” O amor é o motivo universal da vida cristã; o caminho indicativo para saber se amamos a Deus é quando amamos nossos semelhantes, a partir daí podemos conduzir nossa alma em ascensão mística para que possamos amar a Deus mais diretamente. O amor ao próximo consiste em querermos para o próximo o mesmo que queremos para nós mesmo. A prova máxima do amor de Deus foi o sacrifício de seu filho- “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” (I Jo 4.10).
O amor é o mandamento que nos identifica com o pai e é a forma mais fácil e mais próxima de entendermos a pessoa de Deus.

A excelência do amor ágape- exemplo do bom samaritano (Lucas 10.25-37):
§ O amor não discrimina – Quem tem compaixão não traça linhas de responsabilidade e exclusão. Não há racismo, preconceito, discriminação, divisão (Judeus não se davam com samaritanos)
§ Quem ama é ousado (V.31) – valoriza mais as pessoas do que tradições religiosas. Quem está dentro do decote é mais importante do que o decote.
§ Quem ama se importa com a dor alheia– este sentimento nos faz deixar nossa cavalgadura, mesmo rumo ao sucesso, pra atender a um ferido a beira do caminho, mesmo que isto nos atrase ou mesmo que o ferido não nos seja simpático.
§ Quem ama não tem medo de correr riscos- talvez os assaltantes ainda estivessem nas proximidades, mas a compaixão é maior do que o medo.
§ Quem ama dedica tempo – o samaritano tinha uma agenda a ser cumprida. Ele alterou sua agenda para pensar na vítima. Isso atrasou sua viagem, mas ficou em paz com sua consciência.
§ A compaixão não hesita em fazer despesas- o samaritano pagou ao dono da estalagem o equivalente a 24 diárias e ofereceu um cheque em branco para quaisquer despesas adicionais.
§ Quem ama não se importa com sua posição social – pra quem ama, status, cargos, medalhas, louvor e brasões deixaram de ser importantes há muito tempo. O samaritano foi considerado traidor pelo seu povo por ajudar um Judeu.
§ Não espera retorno – doação sem outro interesse a não ser servir o próximo.

Pr. José Gildo

CASAMENTO.... A BATALHA NOSSA DE CADA DIA

Falar sobre casamento é um assunto muito em voga onde todo mundo acha que pode se aventurar a emitir opiniões. Casar e permanecer casado é uma epopéia. É preciso, além de matar um leão todo dia, estar de corpo e alma dentro da relação. Existe um misto de implicações, erros e acertos que precisam ser administrados no dia a dia. Infelizmente, muitos casais se aventuram no relacionamento do casamento, considerado um dos mais íntimos que existe, com pouca, ou mesmo nenhuma idéia de como ele foi idealizado a fim de que funcionasse. Chegam ao matrimônio por outros motivos vários, que não seja fazer o outro feliz. Normalmente termina em tragédia, onde cada um termina procurando a via mais fácil e mais cômoda que é a separação.
O QUE É O CASAMENTO? O casamento é aquela relação entre HOMEM e MULHER, na qual a independência é igual, a dependência é mútua e a obrigação é recíproca. Para um casamento sobreviver é preciso que os cônjuges saibam que existem elementos conceituais que formam a base do matrimônio. Primeiro, O casamento Inicia-se no plano espiritual, onde o casal é unido pelo amor que nutre por Cristo e um pelo outro. O que também propicia uma união em termos intelectuais, emocionais, sociais e físicos. Segundo, o casamento é uma unidade exclusiva, onde marido e esposa são, não mais dois, mas um. Tal comprometimento exclui todo e qualquer envolvimento de "terceiros” (Mc 10.9). Terceiro, o casamento é uma união simbólica, uma linda metáfora de Cristo e a igreja (Ef 5.25), onde a mulher deve relacionar-se com seu marido, como a igreja com Cristo. O marido deve amar a esposa da mesma forma que Cristo amou sua igreja. Tal simbolismo eleva o casamento à sua mais alta dimensão.
Dentro dessa consciência conjugal, onde vemos que permanecer casado é uma arte, podemos detectar algumas causas que provocam crises conjugais:
· Falha ao deixar os pais- Muitos noivos só se preparam para a cerimônia e a festa. Esquecem que o casamento é pra vida toda e que os vícios cultivados dentro de casa ao longo da vida de solteiro, não podem ser levados para a vida conjugal. É um triste engano que pode custar o casamento;
· Pais que exercem influência exagerada sobre a vida dos filhos casados- Muitos pais não conseguem cortar o cordão umbilical. Não conseguem se mancar. Querem exercer o mesmo domínio e fascínio antes e depois que os filhos casam. Isto é um fator perigoso de desagregação do casamento;
· A questão financeira- a crise se instala porque marido e mulher são rivais e não cúmplices. O desequilíbrio financeiro tem efeito danoso para o casamento. O casamento não se sustenta somente no amor. É preciso cultivar parceria, cumplicidade e solidariedade. Sem isto nenhum casamento sobrevive;
· Ciúme doentio e possessivo- Ciúme começa a arruinar a relação ainda durante a vida de solteiro. Ciúme é um sentimento tão pernicioso que, formará ao longo dos anos duas personalidades doentes. Ciúmes é a incapacidade de confiar. É falta de autoconfiança. É sinal de imaturidade. É auto-degeneração. É complexo de inferioridade. É pecado;
· Desinteresse sexual de um dos cônjuges – é fatal para o matrimônio. É chamar o diabo para entrar na briga. Quando um cônjuge demonstra desinteresse na área sexual, humilha o outro de tal forma que, muitas vezes a saída deixada para ele (a) é buscar escape no arraial da prostituição;
· Quando a mulher é mais mãe do que esposa- É um grande desafio que as mulheres têm nessa área. Buscar um equilíbrio na distribuição de afeto. Não é fácil, mas é possível. Quando existe um canal de comunicação aberto no casamento, essas questões são vencidas com mais satisfação e desprendimento.

Que cada um de nós tenha sabedoria do alto para caminhar bem na via conjugal. Esta vereda, algumas vezes espinhosa, mas na maioria das vezes prazerosa que o Senhor graciosamente nos ofertou.

Pr. José Gildo