Em alguns textos e trechos das escrituras vemos Deus claramente enfadado. Em Isaías Ele diz: “Estou farto dos vossos sacrifícios, não agüento ajuntamento solene misturado a hipocrisia, Estou cansado dessas solenidades para encobrir carnalidade”.
Também ando cansado com o que tenho lido e ouvido. O passar dos anos tem deixado meu ouvido e minha percepção cada vez mais seletivos. Tem algumas mesmices que não agüento mais e procuro evitar ou se não é possível, ouço por educação. Por exemplo:
· Não agüento mais ouvir tanta promessa de benção- Ser abençoado tornou-se quase uma obsessão evangélica nacional. Distorce-se claramente as escrituras para se atingir objetivos escusos. Promete-se tanta riqueza, saúde e felicidade que ninguém precisa ter esperança eterna, pois o nosso eldorado está aqui e o esoterismo está tão em moda que muitos crentes passaram a acreditar que existe um pote cheio de ouro no fim do arco íris;
· Não suporto mais esta onda Gospel- Que se tornou um movimento patético. Começou como uma catequização americana e acabou por imbecilizar toda uma “nação” evangélica. Quais são os “ícones” dessa onda gospel? Os cantores e cantoras, que se dizem levitas (que aliás, não existem hoje, pois estamos na dispensação da graça), mas na verdade são mauricinhos e patricinhas a serviço das gravadoras mercantilistas. Dentro dessa onda gospel também temos escritores com seu conteúdo adocicado, que são cada vez mais convenientes na sua linha editorial. Afinal, vender é preciso! Por isso voltei a ler a Bíblia sem nenhum comentário de rodapé;
· Não agüento mais os “congressos de fogo”- Como são chatos os "louvorzões" e os chavões proféticos. Essa baboseira está espalhada também no rádio e na televisão. Existe uma apelação exagerada para a exaltação dos sentidos. Parece que está proibido ter discernimento. Esquecemos que é impossível adorar a Deus sem contemplação e, para isso, precisamos pensar e meditar na sua maravilhosa pessoa.
· CHEGA DESSA “DIABOSE”- Como diria Ariovaldo Ramos. “Vamos voltar à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos a conversar com Deus, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como resultado de nossa gratidão ao Filho de Deus.Voltemos ao amor, à convicção de que ser crente é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Gostaria de me relacionar com meu irmão como seu guardião e não como seu juiz”.
Querem saber de mais uma coisa? Não sou evangélico e ninguém me chame de protestante! Eu sou do EU SOU. Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é e ensinou. A minha consciência clama que Jesus de Nazaré é o Caminho, a Verdade e a Vida. A palavra de Deus é Jesus, o Logos, o verbo encarnado e não um corpo de doutrinas e/ou tradições, nascidas da tentativa de tentar explicar Deus. Deus não se explora, se sente no coração. Creio no âmago da alma que, conhecer a verdade, desfrutar a vida e ser feliz é relacionar-se intensamente com essa Pessoa: Jesus, o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Desisti de tentar entender Deus pela explicação da teologia e decidi buscá-lo com a singeleza dos adoradores porque, segundo Jesus, são estes os que o Pai procura. E finalmente, não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios e milagres, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter.
Pr. José Gildo